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Momento oportuno para tratarmos desse tema, pois devido a pandemia muitos estão enfrentando a realidade do convívio com os seus entes e familiares.

Muitos de nós somente utilizávamos nossas casas como dormitório, pois saíamos logo cedo e voltávamos tarde. Depois de um dia de trabalho, estendia para uma academia ou um boteco, ou compras no supermercado, ou visitas a casa da namorada, ou tantas outras coisas que fazemos por necessidade ou vontade.

Alguns moram só, outros dividem com colegas, outros com familiares progenitores, outros com seus descendentes e outros com os dois. Há tantos tipos de moradia e situações que só prestamos a devida atenção quando somos obrigados a estar nela por tempo indeterminado, reclusos junto com todos que lá dividem o espaço, ou a morada ou o lar.

Diante da gravidade da situação que nos acomete estamos sendo “obrigados” a enfrentar a realidade dos fatos. A realidade das nossas relações e dos nossos relacionamentos. Com quem eu moro? Eu me dou bem com todos? Por que moro aqui? Quais foram minhas escolhas na vida?
Muitos não estão sabendo o que fazer! Muitos estão sendo obrigados a conviver com seus familiares, isso remete a silenciar, conversar ou discutir.

Olhem só que momento oportuno para rever nossas atitudes. Olhem só que momento oportuno para enfrentar a realidade.
Sabe aquelas relações que inexistiam ou são tóxicas, porém tolerávamos, pois cada um saía para um lado e só esbarravam-se nos corredores. Então agora o momento não permite que cada um fuja de sua realidade. Uma realidade dura ou não, mas uma realidade. É momento de análise e reflexão.
Agora alguns pais se veem obrigados a conviver debaixo do mesmo teto que seus filhos, tendo que educar seus filhos e não jogá-los para lá e para cá. Muitos pais preocupados se a internet será mantida, pois não imaginam como distraírem seus filhos ou até mesmo eles mesmos. Temo até por algumas crianças terem que ficar tão próximas a pais tão destrutivos e abusadores e também por pais que não souberam impor limites, conviver com filhos agressivos e sugadores.

Se você acha que as coisas estão ruins sinto lhe informar que elas podem piorar. Agora imaginemos que os serviços básicos sejam cortados – hoje básico é pela ordem internet, luz e água! E aí se ficarmos sem internet e sem luz elétrica? Não mais teremos nossa principal válvula de escape que é hoje para muitos à internet (redes sociais e WhatsApp). Imaginemos sem!

Estamos tão distantes de nós mesmos. Nem sequer nos damos conta do que estamos fazendo com as nossas vidas. Vivemos de irrealidades. Nos distanciamos de nós mesmos e de nossos próximos. Não existem mais diálogos sadios na maioria dos “lares”, pois a falta de respeito, de tolerância e de empatia chegaram a níveis alarmantes. Cada um de nós olhando somente para seu próprio umbigo.

Esquecemos de como é viver em família – se é que um dia vivemos / talvez conheçamos somente o modo “sobrevivência”. Não mais nos toleramos, nem a nós mesmos e muito menos os outros.

Talvez essa “quarentena” nos pregue inúmeras peças e nos ofereça valiosas lições. Talvez possamos notar o quão distantes estamos de nós mesmos e de nossos próximos!

Carlos Eduardo Balcarse
Psicanalista e Neuropsicopedagogo

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